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«És uma criatura da LUZ. Da LUZ provéns e à LUZ regressarás.
A cada passo, envolvendo-te, está a LUZ do teu ser infinito.»
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Richard Bach, in 'UM'


Pai...

Hoje farias 75 anos, se ainda caminhasses neste plano.

No meu coração, onde vives, tens a idade do Amigo e Companheiro que me amou como ninguém o soube fazer até hoje.
És eterno, meu querido!
(Saudades...)

LUZ!

Nina








(...)


Hoje, os meus momentos dourados têm cores novas que o tempo pintou.

E muito do que foi o meu ouro vejo-o com luz diferente, e um outro olhar também.

A alquimia do tempo transformou-o em nostalgia e carinho, mais nada...

Mas, às vezes, sinto-me de novo com a idade mágica, metade de mim!

Transporto-me à época em que percebi que a vida estava ali mesmo à minha espera!

Acreditava que só poderia ser muito feliz, que ia continuar igual, fiel àqueles amigos e que em nada ia ceder à dita vida.

Se calhar... se calhar nem cedi... só adormeci um bocadinho.

Continuo a acreditar na vida. Forte, bonita...

E na maneira como uma mão que nos acaricia o cabelo pode mudar tudo.

Continuo a acreditar, sim...


Conservo a maneira de dar as mãos, de olhar nos olhos, de corar ou sorrir...

E creio que isto será definitivo...

Com 20 anos, tinha momentos de solidão e saudades do «meu» mundo. Como agora.

Tinha tudo. Ou queria. Pelo menos sonhava com tudo e com o resto.

Com os passeios a dois apesar do frio.

Foram anos em que até a malícia era inocente... como hoje!


Devagar, avancei. Achava tudo formidável.

Mesmo quando os amores morriam, havia outros encantos...

Quando recuperava, a capacidade de me apaixonar era ainda com mais força!

A paixão deixava-me longe do mundo e embarcava em emoções, que à partida sabia impossíveis.

Mesmo assim apostava!

Às vezes, pelo menos por dentro, ganhava.

E hoje também...

~

Nina

- Pensamentos soltos-


«Quando falares, procura que as tuas palavras sejam melhores do que o teu silêncio.»

(Provérbio indiano)
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HÁ PALAVRAS...

Ni*

Há palavras que ardem na voz...

Escondem pares de dança,

e nos fazem sentir pesadamente sós.

Há palavras que nos invertem os sonhos.

Rasgam-nos arco-íris.

Apagam-nos horizontes.

Calam todas as nossas fontes...

Há palavras que proíbem risos partilhados...

Beijos salgados...

Corpos entrelaçados, sofregamente amados.

Há palavras que esvaziam as mãos...

Selam cartas por escrever.

Matam amores por viver...

Há palavras que solidificam a liberdade...

Desmentem amores perfeitos.

Paralisam a eternidade.

Há palavras que são ausências...

Desencontros... fome...

Essas palavras, juntei-as.

Rasguei-as... ateei-as... queimei-as... anulei-as...

E substituí-as pelo teu nome!

©Ni Castro




A face serena da Eternidade - *E - TERNA - IDADE* - tem o rosto de quem se amou incondicionalmente até ao fim.

Olho os meus olhos, reflectidos nos teus e sinto...
Que o amor tem janelas abertas para o infinito,
onde o amanhecer é perene e cala a ausência, o grito.

E neste cruzar de espadas de Luz se anulam palavras, mágoas, saudade...
E a Roda do Tempo retoma o início, abraça o fim e renasce em mim.
Envolvendo-me na certeza de que o Amor tanto cabe num fragmento de segundo,
como no ad Aeternum.

Ainda que de nós permaneça só UM.

E do silêncio flui o som do Amor,

audível somente para quem sabe que não há dois silêncios iguais...

Nem tempo...
Nem espaço...
Nem idade...
Nem dor...
Nem «Nunca mais».

Nina


~*~

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